Casal enfrentou câncer ao mesmo tempo: ele de próstata, ela de mama

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O brasiliense Orlian Oliveira Frota, de 56 anos, virou um fanático por esportes e por manter uma boa saúde em 2011. A empolgação dele foi tanta que, em 2018, decidiu se preparar para correr uma prova de 100 km pela primeira vez. Mas ao fazer o check-up para esta prova, a vida de Orlian foi atravessada pelo diagnóstico do câncer de próstata.

A descoberta do tumor foi o início de uma jornada difícil de saúde para a família de Orlian. Em 2020, logo no início da pandemia de Covid-19, os médicos descobriram uma recidiva do tumor que o obrigou a intensificar o tratamento na mesma época em que a esposa, Edneuza Frota, descobriu o câncer de mama e teve que passar pela mastectomia total.

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O primeiro câncer

Orlian começou a correr após o diagnóstico de gordura no fígado, há 13 anos. “Estava com 100 kg e sob orientação do médico e com o incentivo de minha esposa, que já corria, comecei a praticar corridas de rua”, afirma o aposentado.

O avanço no esporte levou Orlian a começar a se preparar para uma das maiores provas de corrida de Brasília, a Volta do Lago, de 100 km de extensão. Para isso, ele reforçou os exames de check-up e foi em um teste de sangue que apareceu o indício do câncer: o PSA muito elevado.

Ele foi encaminhado ao urologista Ricardo Ferro, no Hospital Brasília, que confirmou o câncer de próstata. “Não tinha nenhum sintoma, me sentia ótimo. Soube que com o tratamento adequado eu poderia continuar com minha rotina e decidi fazer uma cirurgia robótica ao saber da precisão deste tipo de intervenção”, lembra.

Edneuza e Orlian tiveram câncer na mesma época, em 2020

O tratamento

Segundo o urologista, é comum que casos iniciais de tumores na próstata não tragam nenhum sintoma. “Por isso recomendamos, de modo geral, para homens a partir dos 50 anos realizarem exames de PSA e o de toque retal para fazer os acompanhamentos médicos”, afirma.

Ferro destaca que a cirurgia robótica é o método com maior controle definitivo para casos de tumores intermediários ou pequenos. “É possível usá-la como único tratamento e graças à sua precisão é uma técnica que proporciona recuperação mais rápida e preserva as funções urinária e sexual, que são fundamentais para o bem-estar do homem”, explica.

A recuperação foi tão rápida que permitiu ao aposentado voltar aos treinos em 12 dias e manter a rotina ativa. Entretanto, dois anos depois, em 2020, fazendo o exame de PSA de acompanhamento, foi detectado que a doença havia retornado de forma localizada.

Dois cânceres e uma pandemia juntos

O retorno da doença modificou o quadro de Orlian. Ele teve de fazer 33 sessões de radioterapia. “Foi um impacto emocional grande ver a doença voltar. Mas ao mesmo tempo, graças ao acompanhamento eu já entendia melhor o processo, o que me deu força e segurança para seguir com o tratamento novamente”, diz.

Força seria mesmo necessária já que enquanto ele passava pelo tratamento, Edneuza recebeu o diagnóstico de câncer de mama, também durante um check-up.

“O tumor dela foi encontrado em uma mamografia de rotina e quando o resultado saiu, a médica preferiu fazer a mastectomia. Foi um momento muito difícil, pois coincidiu justamente com o período em que eu também retornava ao tratamento com radioterapia”, lembra Orlian.

Além dos desafios de ambos enfrentarem tumores ao mesmo tempo, o momento sanitário do país era um dos mais desafiadores da história, com a pandemia de Covid-19 levando a isolamentos e aumentando os riscos para ambos, que estavam imunocomprometidos.

O casal afirma, porém, que a doença não prejudicou de forma alguma a união deles, que já existe há 33 anos. “A doença não afetou nossa relação, pelo contrário, fortaleceu mais ainda. Pudemos cuidar um outro, passamos a nos apoiar de forma ainda mais intensa e enfrentamos tudo com mais união e resiliência”, afirma Edneuza.

Foto mostra casal com roupas de corrida durante prova de maratona que enfrentou câncer ele de próstata ela de mama (1)Após os tratamentos, eles voltaram a disputar as provas de corrida juntos

Relação fortalecida pelas rotinas de cuidado

Ambos atravessaram bem o período de cuidados com as doenças e hoje, cinco anos depois, comemoram ainda a remissão completa dos cânceres. Ambos permanecem fazendo acompanhamentos regulares e mantendo os exames em dia para evitar novas surpresas.

A atividade física teve papel central na recuperação. Mesmo nos períodos de tratamento, Orlian seguiu treinos e ampliou metas. Ele e a esposa fizeram fisioterapias para evitar complicações e afirmam que os exercícios foram decisivos para estabilidade física e mental.

Agora Orlian quer alcançar voos maiores e planeja começar a disputar provas de triatlo. “O Orlian mostra que detectar precocemente e tratar com tecnologia e acompanhamento multidisciplinar faz toda a diferença. Ele é um exemplo de superação e de como cuidar da saúde masculina é um ato de amor à vida”, conclui Ricardo Ferro.

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