Um mapeamento inédito das proteínas em tecidos humanos sugere que os vasos sanguíneos estão entre as primeiras estruturas do corpo a apresentarem sinais de envelhecimento. Os autores do estudo detectaram mudanças acentuadas a partir dos 50 anos, com a aorta entre as artérias mais afetadas.
O estudo mostra que há uma inflexão por volta dos 50, com aceleração no ritmo das alterações moleculares a partir dessa faixa etária. As proteínas, fundamentais para a função celular, passam a se acumular de maneira disfuncional com o tempo. A degradação desse equilíbrio, chamada de falha de proteostase, acaba levando a inflamações e doenças crônicas que aceleram o processo de envelhecimento.
O trabalho, feito por médicos chineses, foi publicado na revista Cell na última sexta-feira (25/7). A equipe analisou 516 amostras de 13 sistemas diferentes do corpo. O material foi obtido de 76 indivíduos de ascendência chinesa, com idades entre 14 e 68 anos, mortos por traumas não relacionados a doenças.
Leia também
-
Tocar instrumento mantém cérebro afiado durante o envelhecimento
-
Estudo: substância dos “cogumelos mágicos” pode atrasar envelhecimento
-
Pandemia da Covid acelerou o envelhecimento dos cérebros das pessoas
-
Ressonância cerebral pode prever ritmo de envelhecimento do corpo
Relógio de proteínas avalia envelhecimento
Os cientistas criaram “relógios proteômicos”, que medem este acúmulo de proteínas para avaliar a idade biológica de cada tecido. A análise revelou que o envelhecimento não ocorre ao mesmo tempo em todos os órgãos e sistemas. Os vasos sanguíneos, especialmente a aorta, apresentaram mudanças mais precoces.
Segundo os autores, a explicação para este envelhecimento acelerado é de que os vasos funcionam como condutores. Eles podem transportar moléculas associadas ao envelhecimento para diversas partes do corpo, o que amplia o impacto das alterações neles, comparados a outros sistemas.
Diferenças entre órgãos e sistemas
Não só o sistema circulatório envelhece cedo. A glândula adrenal, que regula o metabolismo e os hormônios, apresentou mudanças já aos 30 anos. A variação proteica precoce nesse tecido reforça a hipótese de que o sistema endócrino desempenha papel central no envelhecimento.
Entre os 45 e 55 anos, foram observadas grandes alterações na expressão de proteínas. A maioria dos tecidos apresentou aumento de compostos ligados a processos inflamatórios e a doenças degenerativas.
Os cientistas reconhecem que estudos mais amplos, com maior variedade de populações, devem ser feitos para confirmar as descobertas.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!