Um estudo publicado na revista Frontiers in Immunology na última terça-feira (9/12) chamou atenção para um elo pouco discutido entre saúde mental e imunidade.
Pesquisadores da Universidade Taibah, na Arábia Saudita, observaram que sintomas de ansiedade e insônia — frequentes entre jovens — podem estar associados à redução das células natural killer (NK), fundamentais na linha de frente do sistema imunológico.
A descoberta reforça que problemas emocionais não ficam restritos ao campo psicológico: eles também podem impactar a capacidade do corpo de se proteger contra infecções.
A investigação envolveu 60 universitárias entre 17 e 23 anos, que responderam a questionários padronizados sobre ansiedade e qualidade do sono.
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Os níveis de ansiedade foram avaliados pelo teste GAD-7, ferramenta amplamente utilizada em pesquisas e triagens clínicas. Depois, todas passaram por coleta de sangue para medir a quantidade e a proporção de células NK por citometria de fluxo, um método que permite analisar com precisão as células de defesa presentes na circulação.
Os resultados revelaram que cerca de 75% das participantes relataram sintomas compatíveis com ansiedade e pouco mais da metade apresentava sinais de distúrbios do sono.
Ao comparar os dados laboratoriais, os cientistas observaram que as jovens com ansiedade tinham tanto menor proporção quanto menor número absoluto de células NK. As células são responsáveis por identificar e destruir células infectadas por vírus ou com alterações suspeitas, funcionando como um “primeiro alarme” da imunidade natural.
Entre as participantes que relataram insônia, os pesquisadores identificaram um padrão semelhante: quanto maior o nível de ansiedade, menor era a quantidade de células NK nas amostras.
O conjunto de achados sugere que sintomas emocionais persistentes podem influenciar negativamente a vigilância imunológica, deixando o organismo menos preparado para responder rapidamente a ameaças.
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A ansiedade é uma espécie de condição psíquica caracterizada por preocupação constante e excessiva de que algo negativo possa acontecer. Segundo pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é, ainda, uma sensação difusa de desconforto carregado por sentimento frequente de apreensão que pode desencadear transtornos
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo, e registrou ainda mais casos da condição durante a pandemia da Covid-19. Além de adultos, a ansiedade também pode se manifestar em crianças por diversos motivos, como divórcio dos pais, provas ou problemas na escola, por exemplo
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Apesar de ser considerada relativamente comum, uma vez que pode atingir qualquer pessoa por qualquer motivo, a ansiedade se torna um verdadeiro problema quando tudo vira motivo de preocupação exagerada e o paciente passa a apresentar crises
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A crise de ansiedade é uma situação que causa grande sensação de angústia, nervosismo e insegurança, como se algo de muito mau, e que foge completamente do controle, fosse acontecer a qualquer momento
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A crise surge, normalmente, devido a situações estressantes específicas e que geram gatilho, como precisar fazer uma apresentação, ter prazo curto para entregar um trabalho, estar em algum lugar que não gostaria ou ter sofrido uma perda, por exemplo
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Entre os sintomas de uma crise de ansiedade estão: batimentos cardíacos acelerados, sensação de falta de ar, formigamento no corpo, sensação de leveza na cabeça, dor no peito, náuseas, transpiração excessiva, tremores, entre outros
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Estes sintomas ocorrem devido ao aumento do hormônio adrenalina na corrente sanguínea, algo normal quando a pessoa enfrenta um momento importante. Contudo, se os sintomas se tornarem constantes, podem sinalizar um transtorno de ansiedade generalizada
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O que se deve fazer durante uma crise de ansiedade depende da gravidade e da frequência dos sintomas e, por isso, o ideal é sempre receber aconselhamento especializado, de um psiquiatra ou psicóloga
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Apesar disso, realizar exercícios de respiração, ingerir chá calmante, tentar conversar com alguém de confiança, descansar, desligar a mente, fazer atividades físicas que goste ou tentar manter o pensamento em algo que dê conforto são algumas dicas que podem ajudar a aliviar o problema
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Quando a crise de ansiedade acontece pela primeira vez, ou não se tem certeza do que está acontecendo, é importante procurar um hospital para garantir que não seja outro problema mais grave, como o infarto
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De qualquer forma, caso as crises sejam frequentes, um especialista deve ser procurado para identificar a causa e iniciar um tratamento
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A ansiedade pode desencadear problemas que, dependendo dos sintomas, podem ser classificados como Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia social, síndrome do pânico, entre outros. Esses problemas podem gerar impacto na vida pessoal e profissional do paciente, por isso o quanto antes for diagnosticado, menos problemas serão enfrentados
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Embora a pesquisa levante um alerta importante, os próprios autores destacam limitações. A amostra é pequena e composta apenas por jovens mulheres, o que restringe a generalização dos resultados para homens, adultos mais velhos ou pessoas com condições clínicas pré-existentes.
Outra limitação é que tanto a ansiedade quanto a insônia foram avaliadas por meio de questionários — instrumentos úteis, mas que não substituem diagnósticos clínicos ou exames objetivos de sono.
Além disso, o estudo é observacional, o que significa que não é possível afirmar que ansiedade ou insônia causam diretamente a queda nas células NK, apenas que existe uma associação.
Mesmo assim, para os especialistas, compreender a relação entre saúde mental e imunidade é crucial, especialmente em um contexto em que distúrbios como ansiedade e problemas de sono se tornaram mais comuns entre jovens.
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