O técnico de segurança do trabalho Rodrigo Nunes de Oliveira, 40 anos, morreu após sofrer uma convulsão durante uma trilha com o grupo cristão Legendários, em Rondonópolis (MT), no último sábado (28/6).
A atividade fazia parte do evento Track Outdoor de Potencial (TOP), uma imersão de 72 horas na natureza com cerca de 150 participantes.
Segundo o grupo, Rodrigo estava com exames médicos em dia e havia apresentado atestados de saúde antes do evento. Ele chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Regional de Rondonópolis, onde foi intubado, mas não resistiu.
Leia também
-
Membro do grupo Legendários tem convulsão e morre durante trilha
-
PMs salvam vida de criança de 2 anos com crise de convulsão em Cuiabá
-
Entenda o que é a síndrome rara que fez Céline Dion ter convulsão
-
Adolescente morre após sofrer convulsão em aula de natação no litoral
O que pode causar uma convulsão?
De acordo com a neurologista Natasha Consul Sgarioni, da Clínica Mantelli, as crises convulsivas podem ocorrer mesmo em quem não tem epilepsia.
“Todos nós temos o que chamamos de limiar convulsivo. Em pessoas com epilepsia, esse limiar é mais baixo, mas qualquer um pode ter uma crise se ultrapassá-lo”, esclarece.
Diversos fatores podem levar a esse limite. Entre eles estão: febre alta (em crianças), privação de sono, uso excessivo de álcool ou outras drogas, hipoglicemia, desequilíbrios de sais minerais (como sódio e cálcio), infecções cerebrais, traumas na cabeça e até estresse extremo.
Em alguns casos, a crise pode ser o primeiro sinal de uma condição neurológica ainda não diagnosticada.
No caso de Rodrigo, que estava em uma trilha intensa, o esforço físico pode ter contribuído para o início da convulsão. “Atividades como trilhas longas podem causar desidratação, aumento da temperatura corporal, hipoglicemia e desequilíbrio de minerais. Esses fatores, isoladamente ou combinados, elevam o risco de uma crise, principalmente em pessoas predispostas”, afirma a neurologista.
Quando a crise pode se tornar grave?
Nem toda convulsão representa um risco imediato. A maioria dura menos de dois minutos e se resolve sozinha, conforme explica Natasha.
No entanto, quando a crise ultrapassa cinco minutos ou ocorre repetidamente sem que a pessoa recupere a consciência entre os episódios, é necessário atendimento médico urgente. A condição é chamada de estado de mal epiléptico.
O risco também aumenta se a crise ocorre durante atividades perigosas, como nadar, dirigir ou estar em locais altos. Doenças cardíacas ou respiratórias pré-existentes podem agravar ainda mais o quadro.
“É um tipo de doença que deve ser investigada. Crises podem acontecer em qualquer idade, mas são mais comuns em crianças e adolescentes. Quando ocorrem pela primeira vez em adultos, várias causas devem ser consideradas. Por exemplo, um paciente com baixa de glicose pode apresentar uma convulsão”, alertou o neurologista e neurocirurgião Wanderley Cerqueira de Lima, da Rede D’Or e do Hospital Albert Einstein, em entrevista anterior ao Metrópoles.
Após uma crise convulsiva, o ideal é buscar avaliação médica com um neurologista. Os exames iniciais incluem análises de sangue (para verificar glicose, minerais e função renal); exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética; e eletroencefalograma — que avalia a atividade elétrica do cérebro e pode indicar epilepsia.
Em alguns casos, é feita também a análise do líquor (líquido da espinha) para descartar infecções como meningite ou encefalite.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!