Em 2021, então com 31 anos, o projetista James Bradley foi atropelado por um motorista bêbado enquanto esperava por um ônibus em uma rua movimentada de Hertfordshire, na Inglaterra. O impacto foi tão violento que o cérebro de James girou dentro do crânio. Ele caiu inconsciente no meio da via, quase sendo atropelado por um ônibus segundos depois.
O motorista alcoolizado chegou a sair do carro, mas quando viu James caído, apenas limpou o volante de suas digitais, pegou alguns pertences e fugiu correndo por um jardim ao lado de um pub. O veículo não pertencia a ele. Amigos de James, em estado de choque, testemunharam tudo.
Duas enfermeiras que estavam próximas prestaram os primeiros socorros, viram que ele ainda respirava e chamaram uma ambulância. A caminho do hospital, porém, o coração de James parou e os paramédicos tiveram que reanimá-lo ao longo do trajeto.
Foi o início de uma jornada que transformou a vida dele. O relato está no livro The will to survive (em pré-lançamento, em inglês).
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Cirurgias no cérebro
Levado direto para o centro cirúrgico, James teve o crânio aberto para aliviar a pressão cerebral. “Disseram que meu cérebro virou de um lado para o outro dentro do crânio e estava torcido. equipe médica removeu metade do osso craniano que havia sido fraturado”, conta o inglês em seu site. O cotovelo dele também se quebrou em 50 fragmentos e exigiu enxertos da perna e do quadril.
Após o procedimento de emergência, James foi colocado em coma induzido. Durante semanas, sua família fazia videochamadas diárias para a UTI para acompanhar o estado de James, sem qualquer progresso.
Três semanas e meia depois, James acordou, mas muitas de suas funções cognitivas estavam comprometidas. “Precisei reaprender a falar, andar, ler e escrever. O processo de reabilitação durou três anos e envolveu dez cirurgias, quatro delas no cérebro. Ainda tenho duas cirurgias pela frente. Não terminei”, afirma.
James ficou três semanas internado e impacto no cérebro comprometeu suas funções cognitivas
Reaprendendo a viver
A lesão no lado esquerdo do cérebro afetou a linguagem. James também desenvolveu epilepsia, sofrendo seis crises severas, uma delas exigindo novos pontos na cabeça. Além disso, uma infecção se instalou após a colocação de placas metálicas sob o couro cabeludo para substituir os ossos do crânio quebrados.
“As dores de cabeça após essas cirurgias são intensas e depois, você precisa começar de novo, sempre com medo do que pode ter sido perdido no processo”, relata.
Para ele, o impacto foi grande também em sua autopercepção. “Estava no fundo do poço. Não queria sair de casa. Odiava o que via no espelho”, diz em vídeos no Instagram A vergonha do próprio corpo o impediu de voltar à academia por meses. Aos poucos, reuniu coragem para retomar a rotina e reconstruir a autoestima.
Ao visitar a enfermaria meses após sua recuperação, encontrou médicos e enfermeiros em lágrimas por vê-lo vivo. Uma enfermeira disse que a segunda chance que ele tinha tido era um milagre para ela, o que incentivou James a passar a contar a própria história como inspiração em redes sociais e livros.
Hoje, aos 37 anos, ainda enfrenta limitações físicas. Tem apenas um braço funcional. Mas mantém o foco no que aprendeu. “A vida é preciosa. E tudo mudou na forma como vejo as pessoas e o mundo. Continuo em frente”, conclui.
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