Estudo: bebês sentem dor antes mesmo de entender o que ela significa

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Uma nova pesquisa da University College London (UCL), no Reino Unido, indica que bebês são capazes de sentir dor antes mesmo que seus cérebros estejam totalmente desenvolvidos para compreender essa sensação.

O estudo, publicado na revista científica Pain em 18 de junho, analisou imagens cerebrais de 372 recém-nascidos para entender como as diferentes partes do cérebro ligadas à dor amadurecem nas primeiras semanas de vida.

“Em recém-nascidos, essa rede (de regiões cerebrais ligadas à dor) é subdesenvolvida, o que pode significar que a experiência de dor para eles é totalmente diferente da forma como nós, adultos, a entendemos”, afirmou Lorenzo Fabrizi, professor de neurociência da UCL e principal autor do estudo, em comunicado.

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O que os bebês sentem

A dor, segundo o cientista, é uma experiência complexa, que envolve tanto o corpo quanto as emoções e a interpretação do que está acontecendo. Em adultos, o cérebro integra tudo isso ao mesmo tempo. Já nos bebês, cada uma dessas partes se desenvolve em momentos diferentes.

Os pesquisadores observaram que, por volta da 34ª semana de gestação, os bebês já conseguem sentir dor, mesmo que ainda não saibam de onde ela vem ou o que ela significa. Entre 36 e 38 semanas, o cérebro começa a perceber a dor como algo desagradável.

Já a parte que interpreta o que está acontecendo, ou seja, que entende a sensação como dor e potencial ameaça, só amadurece totalmente depois de 42 semanas.

Antes disso, o bebê sente o estímulo, mas pode não saber onde dói, por que dói ou como reagir. “A dor é uma experiência complexa com elementos físicos, emocionais e cognitivos. Cada parte do cérebro é responsável por um desses aspectos”, explica Fabrizi.

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Prematuros são mais vulneráveis

Os bebês analisados no estudo tinham menos de duas semanas de vida no momento da ressonância. Também foram incluídos dados de crianças nascidas entre a 32ª semana de gestação até a 42ª. A ideia era observar o desenvolvimento natural do cérebro, sem influência de vivências após o nascimento.

A nova pesquisa também ajuda a explicar um achado anterior da mesma equipe, publicado em 2023. O estudo mostrou que bebês prematuros não se acostumam à dor, mesmo após repetidas exposições, e continuam reagindo da mesma forma a procedimentos médicos. Isso pode ocorrer porque as áreas do cérebro responsáveis por avaliar e interpretar a dor ainda não estão totalmente maduras.

“Nossos resultados sugerem que bebês prematuros podem ser particularmente vulneráveis a procedimentos médicos dolorosos durante estágios críticos do desenvolvimento cerebral”, destaca Fabrizi.

Segundo ele, os achados reforçam a importância de cuidados pediátricos bem planejados. “É fundamental considerar o manejo personalizado da dor e o momento das intervenções médicas em recém-nascidos, especialmente os prematuros”, completa.

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