Hepatologistas explicam como proteger o fígado após exagerar no álcool

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Ingerir mais álcool do que o habitual, mesmo que só em uma noite, já pode mexer com o fígado. O órgão reage rápido ao excesso, e os efeitos podem ultrapassar a ressaca. Em quem tem gordura no fígado, hepatites ou síndrome metabólica, essa resposta costuma ser ainda mais forte.

Mesmo que o fígado tenha uma grande capacidade de regeneração, ele não fica livre de agressões que são repetidas. Muitas vezes, o corpo nem dá sinais imediatos, o que facilita o acúmulo de danos. Por isso, entender como a ressaca começa e o que fazer depois de exagerar ajuda a evitar problemas maiores.

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Principais sinais de exagero no álcool

Depois de ingerir quantidades grandes de álcool, alguns sintomas podem indicar que o fígado está reagindo ao excesso. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listam os sinais mais frequentes. Dentre eles, destacam-se:

  • Mal-estar que não melhora ao longo do dia.
  • Náuseas persistentes.
  • Dor ou peso no lado direito do abdome.
  • Cansaço fora do normal.
  • Urina muito escura.
  • Olhos levemente amarelados.

“Muitas vezes, o paciente passa meses ou anos sem qualquer sintoma aparente, mas cada episódio de exagero contribui para inflamação, mesmo quando o consumo não parece tão alto”, explica Lisa Saud, hepatologista do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília.

Além dos sintomas, exames de sangue podem mostrar alterações como aumento de TGO, TGP e GGT, que indicam lesão nas células do fígado. Em casos mais complicados, a bilirrubina e a ferritina também podem se elevar, sinalizando dificuldade do organismo para lidar com o álcool.

Cuidados imediatos depois de exagerar no álcool

Depois de um episódio de excesso, o primeiro passo é parar totalmente de beber e priorizar hábitos que ajudam o corpo a se recuperar. Os principais cuidados que devem ser tomados são:

  • Suspender o álcool imediatamente.
  • Beber bastante água ao longo do dia.
  • Fazer refeições leves, com carboidratos complexos, proteínas magras e vitaminas do complexo B.
  • Incluir alimentos antioxidantes, que ajudam o organismo a processar as substâncias tóxicas.
  • Descansar, evitando esforço físico intenso.

Suplementos não substituem esses cuidados. Substâncias como silimarina e produtos vendidos como “detox” não revertem os danos e não aceleram a recuperação. Caso os sintomas persistam por mais de 24 a 48 horas, é recomendado buscar avaliação médica.

Beber água é um dos principais cuidados com o fígado depois de exagerar no álcool

Como o fígado reage ao excesso e por que alguns adoecem mais rápido

O fígado é o responsável por lidar com o álcool que entra no organismo. No processo de quebrar a substância, são formados compostos que irritam as células e favorecem o acúmulo de gordura.

Em episódios esporádicos, o órgão costuma dar conta desse trabalho. Já no consumo repetido, a agressão passa do limite que o fígado consegue reparar sozinho.

“Mesmo uma única noite de abuso pode gerar aumento transitório de enzimas hepáticas e sobrecarga metabólica, especialmente em quem já tem esteatose, obesidade ou hepatites virais”, afirma a gastro-hepatologista Natália Trevizoli, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.

A velocidade com que o dano evolui depende de características individuais. As mulheres, por exemplo, metabolizam álcool de forma diferente. A genética influencia a resposta do organismo e condições como obesidade, diabetes ou desnutrição deixam o fígado mais vulnerável.

Além disso, pessoas que já convivem com alguma doença hepática também têm progressão mais rápida para inflamação, fibrose e cirrose, mesmo com quantidades menores de álcool.

Quando procurar avaliação médica?

Se o desconforto permanece, especialmente com dor no lado direito, olhos amarelados, inchaço ou fadiga intensa, é necessário buscar atendimento. Alguns exames ajudam a detectar alterações, mesmo que precoces.

O consumo repetido de álcool favorece o aparecimento de esteatose, inflamação e fibrose. Por isso, entender os limites e reconhecer sinais do corpo é essencial para evitar que episódios pontuais evoluam para doenças hepáticas crônicas.

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