Pessoas com demência vivem mais hoje do que há 20 anos, aponta estudo

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Pessoas diagnosticadas com demência estão vivendo mais do que há duas décadas, graças ao diagnóstico precoce, aos tratamentos medicamentosos mais eficazes e a intervenções psicossociais adaptadas às necessidades de cada paciente. A conclusão é de um estudo global liderado pela Universidade de Waterloo, no Canadá, publicado em maio na revista científica Communications Medicine.

A pesquisa avaliou dados de mais de 1,2 milhão de pessoas com mais de 60 anos diagnosticadas com demência entre 2000 e 2018 em oito regiões do mundo. Em cinco delas — Ontário (Canadá), Reino Unido, Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong –, o risco de morte após o diagnóstico diminuiu ao longo do tempo, indicando uma sobrevida maior para quem recebe a confirmação da doença hoje em comparação com anos anteriores.

A demência é uma prioridade global de saúde pública. Entender como a sobrevivência varia entre países e ao longo do tempo ajuda os formuladores de políticas a avaliar o impacto real nos serviços de saúde e assistência social”, afirma a principal autora do estudo, Hao Luo, professora assistente na Escola de Ciências da Saúde Pública da Universidade de Waterloo, em comunicado oficial à imprensa.

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Segundo Luo, os avanços nas estratégias de prevenção e tratamento da demência, além do maior acesso a medicamentos e terapia psicossociais, explicam parte da melhora na expectativa de vida dessas pessoas. Ele ressalta que esse conhecimento é fundamental para que famílias e pacientes tomem decisões informadas sobre cuidados futuros e para que os médicos possam oferecer prognósticos mais precisos.

Entre as oito regiões analisadas, apenas a Nova Zelândia apresentou aumento no risco de morte após o diagnóstico hospitalar. Os pesquisadores descobriram que, entre 2014 e 2018, o país adotou uma estratégia nacional para transferir os cuidados com demência não complicada para a atenção primária, liberando serviços especializados.

Como consequência, muitos pacientes passaram a chegar aos hospitais já em estágios avançados da doença, o que levou ao aumento da mortalidade.

O que é demência?

  • Demência é um conjunto de sinais e sintomas, incluindo esquecimentos frequentes, repetição de perguntas, perda de compromissos ou dificuldade em lembrar nomes.
  • Atualmente, o SUS oferece diagnóstico e tratamento multidisciplinar para pessoas com demência, incluindo Alzheimer, em centros de referência e unidades básicas de saúde.
  • Um diagnóstico precoce permite ações terapêuticas que podem retardar sintomas, aliviar a carga familiar e melhorar a qualidade de vida.
  • Dados do Ministério da Saúde mostram que até 45% dos casos de demência podem ser prevenidos ou retardados.

Nos demais países, que representam 84% dos participantes do estudo, a redução no risco de morte está associada à implementação ou desenvolvimento de estratégias nacionais para a demência — como é o caso do Canadá, Reino Unido, Coreia do Sul, Taiwan, Finlândia e Alemanha. Nos dois últimos, no entanto, os dados foram considerados inconclusivos.

Luo destaca que, no futuro, pretende analisar como outras doenças que coexistem com a demência – as chamadas comorbidades – influenciam na sobrevida. “Fizemos algumas concessões metodológicas para padronizar a análise multinacional, como não contabilizar o impacto dessas condições. Um próximo passo é compreender melhor os padrões de comorbidades e seu efeito sobre a sobrevivência das pessoas com demência”, explica.

A demência exige atenção além do envelhecimento normal. Reconhecer sinais precoces, buscar avaliação na atenção primária e adotar ações preventivas e terapêuticas tem impacto direto na qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.

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