Transplante: técnica brasileira permite conservar rins em água de coco

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Apesar de ser um dos países que mais fazem transplantes de rins no mundo, o Brasil ainda possui uma fila de espera com mais de 42 mil pessoas. A lista para todos os outros órgãos somados reúne apenas 3 mil indivíduos.

Por isso, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas para criar formas mais baratas e facilitadas de transplantes renais. Um destes novos métodos foi proposto por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE): eles desenvolveram uma técnica que usa água de coco desidratada na preservação dos órgãos para transplante.

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Base natural com ciência aplicada

A invenção foi reconhecida com uma patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “Fizemos esse primeiro experimento com mamíferos e obtivemos um resultado excelente. A fase inicial da pesquisa já demonstra a qualidade e a eficiência dessa solução para a preservação de órgãos de mamíferos. Na sequência, o produto deverá passar por outras etapas de desenvolvimento, com o objetivo de, futuramente, ser aplicado em seres humanos”, explicou a médica-cirurgiã e professora da UECE, Ivelise Canito Brasil, orientadora do estudo, em entrevista ao site da universidade.

A expectativa é que, se usada em larga escala, a solução de preservação com base em água de coco seja até 70% mais barata do que os métodos atuais. Além disso, o novo processo elimina a necessidade de refrigeração contínua. Essa característica pode ser decisiva em regiões com estrutura limitada, como o interior brasileiro.

Para serem transportados para transplantes, os órgãos atualmente devem ser mantidos em temperaturas baixas e imersos em soluções especiais que nutrem e protegem as células do órgão, prolongando sua viabilidade. O uso da água de coco adaptada proposto pelos pesquisadores cearenses acaba cumprindo, em testes com animais, ambas funções.

Solução de água de coco usada nas pesquisas é modificada para preservar os órgãos

Por que a água de coco?

O Núcleo Integrado de Biotecnologia (NIB), da Faculdade de Veterinária da Uece, foi o local de desenvolvimento do projeto. A água de coco desidratada foi a base escolhida em continuidade a estudos anteriores conduzidos pela instituição.

O médico Rômulo Augusto da Silveira, pesquisador principal, explicou a escolha: “Ela possui uma composição rica em nutrientes, eletrólitos, antioxidantes e agentes oncóticos que podem ser benéficos para a preservação renal. Embora já tenha sido testada para preservação de células e tecidos, essa é a primeira vez que a água de coco é aplicada especificamente na preservação de rins, o que torna nossa pesquisa inédita”.

Testes para além dos rins

Agora, o trabalho segue para fases mais complexas. Com a patente garantida, o desafio atual é buscar financiamento para testes, eventualmente, com órgãos humanos. Depois disso, será necessário obter aprovação da Anvisa para uma aplicação em larga escala.

“Embora o foco inicial tenha sido os rins, acreditamos que o processo pode ser adaptado para a preservação de outros órgãos sólidos, como fígado e vasos sanguíneos. Estudos adicionais serão necessários para investigar essa possibilidade”, concluiu Rômulo.

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