Uma em cada seis pessoas no mundo sofre de solidão, um problema que, juntamente com o isolamento social, afeta a saúde mental, pode levar a doenças físicas e contribui para cerca de 871 mil mortes por ano, alertou uma comissão criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para combater esse fenômeno crescente.
O primeiro estudo da Comissão sobre Conexão Social, divulgado nesta segunda-feira (30/6), diz que a solidão e o isolamento afetam pessoas de todas as idades, incluindo um terço dos idosos e um quarto dos adolescentes.
O estudo mostra ainda que não se trata de um problema exclusivo dos países desenvolvidos: 24% dos habitantes de países de baixa renda sofrem com a solidão, em comparação com 11% em países de alta renda.
“Numa era em que as possibilidades de conexão são inúmeras, cada vez mais pessoas se sentem isoladas e solitárias”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao apresentar o estudo.
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Solidão como fator de risco físico e mental
A solidão e o isolamento, segundo o estudo, aumentam o risco de doenças cardíacas, diabetes, declínio cognitivo e morte prematura, além de afetar a saúde mental, dobrando a probabilidade de sofrer de depressão.
Adolescentes solitários têm 22% mais chances de obter notas mais baixas do que seus pares, enquanto adultos com esse problema enfrentam maiores dificuldades para encontrar ou manter um emprego.
O diretor-geral da OMS enfatizou que a solidão e o isolamento social têm efeitos negativos não só sobre indivíduos, famílias e comunidades, mas também causam bilhões de dólares em custos com saúde e perdas de emprego.
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A depressão é uma doença psiquiátrica caracterizada por tristeza profunda, sentimento de desesperança e pela falta de motivação e interesse em realizar qualquer tipo de atividade. Essa condição pode ser crônica, tornando a se repetir em vários momentos da vida, ou episódica, desencadeada por alguma emoção específica
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A luta contra esse mal começa, inicialmente, na busca do paciente por ajuda. Em seguida, além do tratamento indicado por um especialista, mudanças no hábito de vida são essenciais para combater a doença
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Um desses hábitos é ter boas noites de sono. Dormir bem é necessário para manter a saúde mental. Alguns estudos sugerem que pessoas com insônia são até dez vezes mais propensas a ter depressão
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Manter-se longe de situações que podem causar estresse é outra recomendação. Apesar de parecer impossível excluir essa reação tão danosa das nossas vidas, uma vez que ela é provocada por fatores que não podem ser controlados, é possível gerenciar os nossos sentimentos durante situações estressantes. Autoconhecimento e certas técnicas ajudam a lidar com o problema
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Realizar atividades físicas é outra indicação para quem tem depressão. Além de manter a cabeça ocupada e focada, exercícios ajudam o corpo a liberar endorfina, substâncias químicas que reduzem a dor e melhoraram o humor. Praticar dança, natação, vôlei ou qualquer outra atividade que você se interesse pode fazer toda diferença
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O álcool pode agravar sintomas depressivos em função de seus efeitos sobre o sistema nervoso central. Beber deixa o paciente menos propenso a seguir o tratamento contra a depressão. Também o coloca em situações mais propícias para ter problemas em casa ou no trabalho
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Manter distância de pessoas negativas é outro hábito que deve ser praticado por quem luta contra a doença. É muito importante ter uma rede de pessoas confiáveis com quem se possa conversar sobre a vida. Contudo, para pessoas que estão em um momento de fragilidade pode não ser adequado ficar repassando assuntos negativos
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Se você não está se sentindo bem, procure permanecer ao lado de pessoas que o alegram e despertam sentimentos positivos
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Assim como em qualquer outra condição, é preciso assumir o problema para que ele possa ser tratado. Portanto, se você está se sentindo deprimido, não deixe de buscar ajuda
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Geralmente, a psicoterapia costuma ser a primeira indicação para casos leves. Já para quadros moderados e graves, o uso de antidepressivos é a conduta mais indicada. Segundo especialistas, quando o tratamento é feito de maneira precoce, os resultados são muito melhores, proporcionando mais tempo livre de sintomas e redução da chance de novos eventos
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Conexão social
O relatório da comissão presidida pelo ex-cirurgião-geral dos EUA Vivek Murth e pelo encarregado da União Africana para a Juventude, Chido Mpemba, enfatiza que a melhor solução para combater esses problemas é a conexão social. Nesse sentido, o documento apresenta diversas recomendações, incluindo campanhas de conscientização, fortalecimento da infraestrutura para contato social (parques, bibliotecas, cafés) e aumento do acesso a cuidados psicológicos.
A OMS destacou a Suécia como um exemplo positivo. O país implementou uma estratégia nacional contra a solidão, conforme relatado pelo ministro sueco da Assistência Social, Jakob Forssmed.
A Suécia reconhece que a solidão não é apenas um problema individual, mas que afeta toda a sociedade. Esforços estão sendo feitos para promover conexões sociais em locais como lojas, restaurantes, bairros e clubes. Em breve, todas as crianças e adolescentes no país receberão cartões pré-pagos que poderão ser usados apenas para reservar atividades de lazer em grupo.
Melhor sem o celular
A Suécia planeja proibir celulares em escolas públicas, disse Forssmed. Estudos demonstraram que isso aumenta a interação social e reduz o bullying virtual. Crianças e adolescentes também dormem melhor e acham mais fácil deixar seus celulares de lado durante o tempo livre. Forssmed acrescentou que as crianças costumam se sentir frustradas quando seus pais estão constantemente distraídos com seus celulares.
Embora as tecnologias digitais tenham seus benefícios, como permitir videochamadas e o home office, a comissão enfatizou a importância de se criar espaços na vida nos quais o indivíduos possam interagir pessoalmente sem distrações tecnológicas.
Murthy observou que os humanos se comunicam há milênios não apenas por meio de palavras, mas também por meio de expressões faciais, linguagem corporal, tom de voz e silêncio. Isso tudo se perde quando as pessoas dependem exclusivamente de celulares e redes sociais.
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